quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Daqui a pouco é agora.

"Sem você prefiro a solidão, a sete palmos do chão" foi o que ele me disse. E, não sei porque, essa frase não teve nenhum impacto. Não sei se por ser terceirizada e pouco original, ou, simplesmente, por minha falta de romantismo ou sobra de desconfiança. Foi uma pessoa que só fez meu coração bater mais forte na prorrogação, quando o time contrário fez um gol e fiquei como jogador de Seleção Brasileira em quartas de final: só levando cartão vermelho. Tipicamente sou uma pessoa que engana: aceito tudo de faixada pra parecer legal e, quando nada parece ter mais sentido, me comporto como uma criança de cinco anos de idade que não sabe perder. Esperneio, choro, faço chantagem emocional, uma pessoa totalmente fora de controle. Quando eu o perdi não foi diferente: gastei muitos lenços limpando a maquiagem borrada, saliva desabafando meus problemas para pessoas erradas, sem falar no meu fígado, que não sabia distiguir água de alcool. Tudo foi como eu não planejava, saí do controle da situação e me sentia inútil e mal-amada - se é que isso havia sido diferente com Zé. A realidade batia na minha porta, o príncipe não trouxe minha melissa swarovski e eu passei dias acordando sem chamadas não atendidas, com dor de cabeça e calçando sandália japonesa. Inúmeras vezes planejei algo maléfico, a roupa que chegaria com meu novo amor, minha cara de apaixonada ao dançar o "Baile da Betinha" com outra pessoa.
Como Drummond, questiono a José: E agora? Tudo agora é nada! Os planos que fiz, a casa de campo, os domingos silenciosos, a falta de apetite, a hora que não chegava, o tempo que voôu, a poupança, o casamento na praia, o anel de noivado...Chegou a hora de tudo o que já foi não ser mais e eu deixar de querer controlar cada fio de cabelo que cai da minha cabeça - e da cabeça dos outros. Dominio só traz mais vontade e menos controle, então pra que? É melhor parar onde paramos e não naquela cena linda onde ele dizia tantas coisas porque sentia e eu não acreditava. Hoje ele não falar por que não sente e eu acredito, iludida, que há sentimento no silêncio dele. É agora, José! É no próximo minuto que encerro essa conversa e começo a gravar o capítulo seguinte, com Zé, sem Zé ou cem Zé.

Um comentário:

André Maciel disse...

É quando o futuro vira passado sem passar pelo presente.